sábado, 9 de agosto de 2008

Da janela do meu quarto

Quando eu era criança
Desenhava o amanhã
Da janela do meu quarto
E pintava a profundidade dos dias
Com a cor de fundo do horizonte

Quando eu era criança
Os meus sonhos debruçavam-se
De braços abertos sobre o infinito
E todo o latejar da vida
Transpunha o parapeito
Da janela do meu quarto

Mas pouco a pouco
Fui perdendo os pincéis
E foi-me faltando a tinta
E a tela sobre a qual
Imaginava o amanhã
Da janela do meu quarto
Era a criança que fui outrora

E como ainda penso
Na criança que era
Da janela do meu quarto…
Porque hoje apenas estou
Na janela do meu quarto.

Na verdade nunca estive
Tanto no meu quarto como hoje
E na minha janela como agora
Circunscrito àquele lugar.

Quando eu era criança
Da janela do meu quarto…